quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Ouvido sem idade



Quando era adolescente trabalhei em lojas de disco e isso formou boa parte do meu caráter musical (um tanto diversificado) e fez com que eu não acreditasse mais em dogmas sonoros. De uns tempos pra cá a rotina em estúdio mudou minha maneira de ouvir outros artistas e influenciou até a minha maneira de resenhar discos. Bom, nem sempre fui esse cara interessado em escutar tantos estilos musicais. Tinham aqueles 2,3 gêneros que gostava e fechava a porta para coisas que considerava, um tanto, exóticas e fora do meu mundinho.

Tudo mudou em 1996 quando um conhecido músico dos anos 80, que era cliente da loja em que trabalhava, me abriu os olhos. Ele reclamava de toda cena musical da época, das bandas, dos nomes das bandas e que a música tinha que ter parado no fim da década de 70. Até bandas que depois ficaram famosas como Radiohead e Massive Attack não fugiam de sua língua afiada. Eu o achava engraçado pelo excesso de mau humor, mas um lado meu começou a desejar não se transformar naquilo quando estiver perto dos 40. Era triste imaginar esse cenário; a pessoa que se fecha numa bolha e vive num determinado período da vida.

Tem muita coisa pra ser ouvida e descoberta. É só fazer bom uso de seus gadgets e sua conexão com a rede. Podemos estar vivendo um choque de gerações, mas é possível que ele seja saudável, e se fugirmos dos veículos que privelegiam o mainstream e o funesto “jabá” , temos um mundo de artistas e produtores pedindo para serem descobertos por você. 

Abs/bjs.

Música: Flume - Helix